Vazios cheios de si!
Vivemos cercados por pessoas vazias. Mas não aquele vazio que acolhe o silêncio e permite reflexão — é um vazio barulhento. Um buraco que grita, que exige, que reclama... e que nunca se sacia.
É gente que não escuta, só espera a sua vez de falar. Que não pergunta como você está — só espera a chance de despejar o próprio caos em cima dos outros.
A empatia virou artigo de luxo. Um acessório bonito que se posta nos stories, mas que falta no olhar, na escuta, na presença real.
Hoje, todo mundo tem um problema gigante. Uma dor intransferível. Um trauma que vira escudo e desculpa pra tudo. E assim, a vida vira uma competição de desgraças: quem sofreu mais? Quem merece mais piedade?
Mas quase ninguém quer solução. Porque resolver dói. Crescer cansa. E dá muito mais trabalho sair do papel de vítima do que colecionar justificativas.
Ficou mais fácil culpar o mundo, o passado, o outro — qualquer um, menos a si mesmo. E nesse teatro de lamentações, o ego é o protagonista, e a autocrítica foi demitida por justa causa.
É como se estivéssemos todos conectados, mas completamente desconectados. Cheios de informação e vazios de sabedoria.
Sabemos falar bonito, escrever legendas inspiradoras, mas na prática... tropeçamos no básico: escutar sem interromper, cuidar sem esperar algo em troca, amar sem cobrar recibo.
Talvez o grande vazio não esteja no mundo, mas no espaço entre uma reclamação e outra. Entre um “ninguém me entende” e o silêncio que nunca permitimos ao outro.
Se a dor é real, a escolha do que fazemos com ela também é.
Mary Marques
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