Nas últimas semanas, a internet voltou seus olhos — e seus julgamentos — para o humorista Léo Lins. Conhecido por suas piadas “pesadas”, ele virou o centro de mais uma polêmica, após falas que muitos consideraram desumanas, ofensivas e até perversas. E, sinceramente? A reação de choque faz todo o sentido.
Mas mais do que cancelar ou defender cegamente, é preciso refletir: Qual é o limite do humor? E o que revela sobre nós aquilo que rimos?
Léo Lins construiu uma carreira apostando no humor ácido, aquele que cutuca feridas sociais e, muitas vezes, escancara preconceitos com a desculpa de que “é só piada”. Mas quando uma piada usa o sofrimento de pessoas com deficiência, minorias ou vítimas de tragédias como ferramenta de riso... a linha entre provocação e perversidade se apaga.
O riso é um espelho. Rimos daquilo que reconhecemos, que nos alivia ou que, de alguma forma, nos distancia da dor. Mas quando o humor se torna um palco para normalizar preconceitos, zombar da vulnerabilidade alheia ou anestesiar a empatia, ele deixa de ser arte — e vira arma.
Não se trata de censura. Se trata de consciência.
Piadas têm poder. Elas moldam cultura, reforçam ideias, educam sem parecer aula. Quando um comediante escolhe rir de alguém — em vez de rir com alguém —, ele está fazendo mais do que contar uma piada: está mostrando sua visão de mundo. E quando a plateia aplaude, está dizendo: “concordamos com você”.
É por isso que a polêmica de Léo Lins não é só sobre ele. É sobre todos nós. Sobre o que consumimos, o que compartilhamos e o que normalizamos em nome do "é só brincadeira".
Que o humor continue livre, sim. Mas que seja também humano. Porque fazer rir sem desrespeitar é possível — e necessário. Afinal, empatia não mata o humor. Ela só o amadurece.
Mary Marques
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